sexta-feira, 21 de março de 2014


Fábrica de versos

O coração é feito fábrica de versos
Onde letras se aglutinam e viram palavras
Que anseiam por poemas de amores diversos
Que façam deles suas casas.
Cria-se rimas sem que esteja a sofrer
Prejuízos, perdas e desfavores, calado
Diante de versos fabricados sem morrer
De coração entreaberto em dores apertado.
Mas não só de jorrar versos vive o coração que ama;
Mas também de amar outro sem receios,
Nem ódio de quem só engana.
E deixando sempre que haja enleios
Fazendo poesias e de conta,
Que a fábrica perdurará ainda que haja afronta.

Salatiel Pereira


Saudade


Saudade não é termo que explique distância, muito menos separação. Porque saudade é distância que une, ainda que intransponível.

Salatiel Pereira

Medo é medo!


O medo de perder

O medo de perder, no amor, de nada vale e para nada serve. Pois no fim das contas, as contas já estão feitas: nada impede o que há de ser; tão certo quanto dois mais dois, e o “nada é pra sempre”.
No desfecho do que convencionamos chamar de vida, todos se vão e perdem a si mesmo pra morte.

Salatiel Pereira

Amores


Vontade doída

Não existe na terra vontade mais doída
Do que aquela por algum motivo não interrompida,
Que outrora no peito nasceu feliz
Muito antes que a dor fizesse raiz.

Não existe vontade doída que não perdure
Até que o amor próprio se veja esvaído,
Não havendo remediar que de todo cure
Um coração por outro esquecido.

Não existe vontade doída que entregue ao acaso não se enfraqueça,
Que ainda vencida não permaneça
Vencedora no pleito, absoluta na dor.

Porque a vontade segue doída e forte no desfavor,
Maculando um desejo engrandecido de amar,
Querendo ver-se livre da vontade, mas deixando muito a desejar.

Salatiel Pereira
Versinho do adeus

Gastei contigo o amor que tinha,
E o tempo que achei que fosse meu.
Só agora desconfio da pobreza dos teus gestos,
Das garantias que jamais existiram,
Dos dias que se foram, e que hoje são noites.
Desperdicei versos que mereciam
Outros fins e finais;
Que nasceram de verdade
E morreram como se fossem mentira.
Que o pesar do lamento derradeiro
Encerre em mim e aqui,
O que um dia comecei ao me declarar.

Salatiel Pereira
Um dia lembrarei

Um dia lembrarei
Quanto tempo durou o tempo que se foi,
Enquanto estive a vagar por lugares distantes.
E esquecerei do que deverei lembrar,
E lembrarei (a contragosto)ainda do que mais me dói.
Porque viver é sentir-se assim...
Um desencontro e um desacordo,
Desarranjo tal qual paixão não correspondida,
Que quase sempre trás privação.
Mas estarei pronto, e sempre inacabado,
Pois sempre serei passível de remendo
Como roupa nova que se torna velha,
Sem que se perca o apreço.

Salatiel Pereira

Desejo recorrente!

Sonho de uma poesia


Eu ainda sonho com uma poesia que me liberte e livre dos grilhões da melancolia. Com uma poesia que de todo me cure de certezas adquiridas na infância. Ela será constituída de versos que serão delírios de um existir feliz, a fim de que me acerte o passo em direção ao inusitado. Afinal, não estou a procurar métrica ou rimas, mas apenas chão que caiba meus pés por ora descalços. Ela será feita com paciência e em silêncio para que calmamente me faça tranquilo.

Salatiel Pereira
Ser poesia

Poesia é, antes de mais nada, confissão.
É abrir-se por completo, sem reservas
Com a mesma disposição de quem abre um livro e se põe a ler.
Poesia é um abster-se constantemente de si,
Incondicionalmente se expor;
Primeiramente a si mesmo e depois a quem quer que seja.
É um estar perto, mas a todo tempo desejando distância,
Irmã mais velha da saudade, prima da ausência.
Poesia é esperança criada em vão, é fé sem garantias de céu;
Um atirar-se cotidianamente nos braços da incerteza;
É atear fogo, incendiar e descobrir-se incendiado.

Salatiel Pereira
Sem mais o que amar

O amor que não se consuma
É terrível e ao mesmo tempo trágico,
De forma que não mais vivo por ela
Nem mais me arrisco em vão,
Pois em vão cheguei até aqui.
Sim, carregado fui por minhas ilusões,
Que me foram boas enquanto estive alheio
Às coisas que se fizeram de coisas e assim continuaram.

Salatiel Pereira
Se o amor bastasse

Se o amor bastasse
Não existiriam crimes passionais
Nem choro, nem vela,
Nem tantos desenlaces.
Se o amor bastasse
Jamais seriam necessárias certidões;
Seriam dispensáveis contratos,
E assinaturas que nunca deram nem darão garantias.
Mas se pelo menos ele se autobastasse,
As linhas escritas acima,
Seriam de todo desprezo e lixo.

Salatiel Pereira
Restos imortais

Falar do que restou quase sempre dói,
Porque sentimentos mil são represados a muito custo,
Quando não se tem força capaz de fazê-los partir
Sem que voltem vez por outra para doer mais e mais.

O que se foi não se vai jamais,
Nem morre com a distância que o tempo estabelece.
Antes se cristaliza, solidifica-se e se perpetua no peito;
Cria silêncios que ressoam silenciosamente pela eternidade.

Mas fez-se calmaria em tempestade nesses dias intermináveis,
Dias únicos, livres, soltos e aconchegáveis
Que atraem mais do que repelem
Diante do que faltou ou ficou por dizer.

O choro já não é fraqueza ou dor,
Nem solidão ou mágoa, buscas imprecisas,
Faltas ou ausências contínuas.
Mas um viver livre, poético, e apegado ao nada.

Salatiel Pereira
Ressaca moral

Amo-te com amor jamais sentido,
Pois depois de ti tudo em mim é novo,
Embora envelheça muito por tudo
Que deixei de viver.
E viver, o que é mesmo?
Não vive mais quem vive muito,
Mas quem muito se deleita,
E quem muito bebe
Dos prazeres simples.

Salatiel Pereira

Renovo urgente!

Receios

Receio é medo de perder o que talvez já tenha ido,
E ainda se presume perto.
As coisas são tão absolutamente relativas,
Que podem nem ter ameaçado ir,
Mas mesmo assim já terem ficado para trás.
Ter receio é inútil.
Tanto p’ra quem sofre por antecipação,
Quanto p’ra quem chora depois de tudo ter se consumado.
Receio é ameaça abstrata,
Inimigo invisível que cresce, se estabelece
E se mantém intacto e forte
A devastar, arrasar, totalmente destruir.
E receio que eu não entenda o que escrevo,
E o que realmente quero expor.
O que escrevo é reto,
Porém em papeis tortuosos,
Amassados pelo tempo.

Salatiel Pereira

terça-feira, 18 de março de 2014

Quase sempre

Quase sempre surge a pergunta,
Como se a pergunta tivesse um peso
Maior do que a própria resposta.
Se estás a envelhecer
É apenas desânimo.
Custa-se a acreditar que morrerá um dia,
(Quanta arrogância!)
A alma eternamente insatisfeita
Acha ser pouco até o que uma eternidade oferece.
Faz-se tudo pensando em possibilidades,
Em abraços abrangentes
Que tudo abarca e nada aconchega;
Que tudo sente e nada atinge.
Existem listas imaginárias e intermináveis
Dos planos traçados
Para chegar, ou ao menos desejar.


 Salatiel Pereira
Preparação

Preparam-se para vida e não para a morte,
Como se a morte fosse uma escolha.
Mas num dia leve, como outro qualquer
O fim há de acontecer.
Não há remédio que burle,
Nem vontade que regule
E nos impeça de ir.
De ir e continuar indo.

Salatiel Pereira
Pós morte

Não vivi muito, nem muito morri.
Simplesmente amei em demasia,
Sorri bastante, mas sofri muito mais.

Não me cansei de te querer,
Tão alucinadamente,
Tão louco.

Valeu o tempo que vivi,
Mas foi como se não tivesse,
Pois sem você morri em vida.

Continuo a viver morrendo de amores,
E a viver de dores,
Renascendo p’ra muito mais sentir.

Salatiel Pereira
Vale de lágrimas

Amar-te é um vale de lágrimas que não se encerra, nem se vislumbra o fim.
É ter-te em bases tremulas; odiar-me a mim.
Ah, quanto viver queria que abundasse
Nesses extremos de amor descabido, em que a vida passe.

Sim! Passe lenta ou livre, mas se vá de uma vez
Para que o amar seja certeza e não talvez,
Em meio a tamanha possibilidade
Que não se mostra clara perante o peso da idade.

Que o vale se esqueça das lágrimas
E seja somente verde e lindo
Compondo versos e rimas

Com esses pensares que se vão indo.
P’ra longe de mim ou de ti, mas que continue em mim
Sendo amor ou amizade decretando o fim.

 Salatiel Pereira
Passo após passo

Os passos que dou são dados ao léu,
Sem precisamente ter destino ou fim.
Percorro, ando, arrasto-me e continuo
Pois continuamente me encontro nesse “ir”.

Salatiel Pereira


Paixão reticente

Eu te amo com amor reticente que se vai p’ra sempre,
Com tamanha audácia e coragem,
Visto que escrevo com medo,
Isso que chamo de verso p’ra te lembrar,
E assim continuar a viver.
Trago comigo o vício do anonimato,
Que me silencia, castiga e faz penar.\
Querendo-te comigo, mas com cortes profundos
Por conta dos objetos pontiagudos,
Presentes em teus olhares perfurantes
E com tanta ambigüidade,
Imprecisão que decorre de tudo que és p’ra mim.
Amo tuas fotos que foram reveladas em minha memória,
Teu corpo, rosto, pele e cabelo
Que me são claros agora que se vão
Cansados da minha memória.
Amo-te, ainda que vás em direção ao nunca mais,
E nem se dê conta desse edifício que levantaste em mim,
Tão súbito e louco de angústias mil,
Com muito susto, suor e espera.
Quero-te ainda que seja tarde p’ra dizer,
P’ra te querer como uma poesia última,
Derradeiro sentir-se bem,
Livre no escrever sem pendências a resolver.
Perdi você pr’o tempo
Com inimizade, contrariedade e tristeza.
Mas não reluto, pois estou pronto como quem p’ra morte vai,
Sem remorsos, pesares ou dores;
Com muito ter o que contar,
Embora ainda sem desfecho feliz p’ra documentar.

Salatiel Pereira
Ordens do coração

Sei que não é apenas o sol que obedece a leis,
Pré estabelecidas há muito.
Estabeleci-me aqui e obedeço a leis de amor,
E me submeto às ordens do coração.
Corro mas nunca me afasto por completo
Porque tenho fugido do que me alimenta.
Como ser lúcido e determinado?
Como ter livre arbítrio?
Minha vontade é submissa,
É totalmente inconsciente.

Salatiel Pereira
Viver e nada mais

Viver é ser livre de si
Sem pesar nem penar
Que aborte o voluntário sorrir
E o alegre respirar.

Viver é não precisar ter aonde ir,
E não precisar de amor
Muito menos de paixão;
É ser e querer-se a si mesmo.

Viver é emancipar-se do mundo,
É manter-se alheio,
Anonimar-se cada vez mais
E cada vez mais estar em débito consigo.

É buscar o que jamais se encerra,
É desígnio alcançado,
É não se cansar,
É não abrir mão.



Salatiel Pereira
O amor de agora e sempre que se foi

Já te amei diversas vezes
E agora me repito mais uma vez.
Porque pareço folha de caderno,
Tão sujeito ao lápis quanto a borracha.
Esse amor com cara de recém chegado,
Que de si mesmo toma o lugar
Ainda ontem se apagou.
Se foi p’ra nunca mais,
P’ra longe de mim e de qualquer coerência.

Salatiel Pereira
O impossível existe

O impossível existe
Ainda que digam que a fé não precisa de milagres,
E que sem fé, por maior que seja o milagre, não há crença.
O impossível existe
Porque deus não é tirano
Muito menos capaz de obrigar a crer.
O impossível existe
Pois a mais pura verdade
É puramente corrupta.
O impossível existe
Porque o mundo é cão
E bem sabe que é.
O impossível existe
Porque há quem ouse
Confiar em (im)possibilidades.

Salatiel Pereira
Sustos e inquietações

Os sustos que surgem são só inquietações que acontecem para que se esteja mais atento ao porvir. E com tudo aprenda, na ansiedade e no desejo do que nunca será.

Salatiel Pereira


Amada

O choro contido

Amei-te desde a vez que te sonhei,
Linda e presente a todo instante;
Distante e perto, amante e antipatizante.
Enfim, amada.

Salatiel Pereira
O Caminho

O caminho é um só: aquele que você escolher;
Não existe o erro de ser o que se quer ser.
Ter escolha é o maior dom que se tem
Nesse mundo dos desmandos e do caos.
A vida aleatória não é vida,
Por isso viver é preciso, com fé e gratidão.

Salatiel Pereira
Calvário

Irei sobreviver ao caos que me impõe a dor,
Triste incômodo de viver sujeito
Ao sentir que ergue e rebaixa;
Também exalta e humilha.
O cansaço de escrever estancou meu vício
De poetizar pseudosofreres de amor.
A sobriedade não aclarou as idéias amigas;
E propôs que falar de amor é morrer de amor,
Porque viver enamorado e morrer de paixão são sinônimos.
Até as mais belas palavras se desfazem no ar,
E as boas músicas se tornam suplícios.
O litígio interior haveria de desfechar em crime?
Como, se tudo acontece à revelia de meu desejo?
Entregar-se ao horizonte próximo parece ser a solução,
Muito embora este fato anoiteça minha clareza;
O certo é que eu sucumbiria cedo ou tarde,
E alimentaria um desgosto.
Pois vencido e admitindo a derrota,
Faria tudo parecer passageiro
Para que o sofrer fosse menos sentido.
Não sei que diabos alimento
Para ser tão indeciso no/de amor,
E tão decidido no apego.
Tão incerto é meu gostar que confunde o desejo.
Tal quadro se configura triste e me faz assim,
Ser errante e exageradamente passional,
A ponto de adoecer de melancolia na ausência
De enfermeiras morais,
Parcialmente imaginárias e com diversas caras,
Com disposição infinda.

Salatiel Pereira

Dias e Dias

O mais abstrato dos sonhos

Tenho sonhado com uma abstração que me subtraia do tempo, e não mais me permita passar em branco. Quero ser de papel, poesia e prosa para ser maleável; sujeito e predicado com tudo de bom que me faça sorrir. Quero ser breve e dizer tudo o que é preciso para que não sobre remorsos pelo chão nem eu fique pelo caminho sem saber o que por mim passou.

Salatiel Pereira

segunda-feira, 17 de março de 2014

Nas entrelinhas da existência

Vem, amada minha! Minha liberdade agora está anunciada, mais viva do que nunca; estou livre para amar. Desfrutemos disso tudo que malmente sabemos o que é: se amor, paixão ou amizade.
Venha minha menina, que desligarei você dos receios fantasiados de prudência, e dar-te-ei fuga. Juntos construiremos nosso final feliz que certamente será lembrado, ainda que esteja apenas implícito nas entrelinhas da existência.

Salatiel Pereira
Na janela do quarto

Eu me debrucei na janela do quarto
Para ver o dia que passava,
E rir da calma extremamente doentia
Que me mantém sereno.
Precipitam-se quando dizem ou suspeitam
Do que por ventura penso no decorrer das horas,
Que subtraio das que me são apresentadas.
Repreendi-me achando se tratar de desperdício:
Todo esse momento de bendita futilidade,
Empregado de forma vã.
Recuperei a pureza do primeiro propósito,
A saber, o de estar ali;
Livre do correr diário,
Da disputa cotidiana que embaça a visão,
E redefine todos os dias minhas prioridades.
Mas ao final das contas abaixei a guarda e me rendi,
Porque o que começa está sujeito ao fim.
Mas ainda assim, saí dali pensando no que vivi diante da janela,
E o que para felicidade minha abri mão de viver se ali não estivesse.



 Salatiel Pereira
Na claridade da vida

Quero ser e viver apaixonado por ti, querida!
Pois enquanto estiveres em mim,
Eu te terei sempre em dose desmedida
Ainda que se presuma o fim.

Comporei versos que serão teus,
Com rima e rumo certo,
Que me faça pensar em Deus
Com olhar distante, mas vendo-o de perto.

Simplesmente calar-me para ouvir-te
Nos sons da natureza
E para ficar pedir-te;

Embriagar-me de ti e da tua absoluta beleza.
Ver-me vencedor por te viver
E viver-te tecendo-me, e viver com leveza.

Salatiel Pereira




Morte presumida

Morrer antes de esgotar o fôlego
É presumir-se longe da vida,
De um viver intenso e único
Na mais íntima paz.
Morrer antes que a morte chegue
Não é mera poesia,
Nem canção que inspire tristeza;
É simplesmente deixar-se ir!
Passo a passo, de pé em pé;
De boca em boca, de coração para coração.
Ir com a vida que sobrou em si.
É estar morto em vida,
É não mais sorrir com facilidade,
Não mais admirar o que há de simples e belo.


Salatiel Pereira
Medo recorrente

O medo que sinto é recorrente,
Um mal crônico
Que se instalou em meus dias
Assombrando-me constantemente.
Tudo o que vejo são distorções,
Tantas imagens e figuras
Que confundem meus sentidos.
E vários são os sentidos que dou
Para esse temor e suas implicações,
Suas investidas cotidianas
E seus efeitos a longo e curto prazo.
Esse medo caminha pelas vias do meu coração,
Como se fosse casa! Em mim à vontade fica.

Salatiel Pereira
Liberdade como Destino

Sonho com liberdade no viver,
E acordo todos os dias banhado em poesia,
Molhado por versos e letras
De músicas que embalam e orientam meus sentidos.
Meu destino é desfrutar da leveza pura e simples,
Sem pesares e previsões de pecados
Nessa vida de tantas certezas que de nada valem.

Salatiel Pereira
Lágrimas e risos

Jamais chorei uma lágrima que fosse vã,
E um riso que não merecesse alegria. 
Meu choro tem menos a ver com tristeza, 
E mais com o que a vida mostra 
De bom e ruim. 
Sim! 
“Bom” porque o bem que existe é transitório 
E “ruim” porque o mal é contagioso.

Salatiel Pereira

domingo, 2 de março de 2014

Hora da viagem marcada

Estou de saída, pronto para entrar em órbita,
E girar em torno do prazer de se viver,
Viajar sem rumo, escala ou trabalhos adicionais.
Sou um pedaço de carne e osso que se move
Pensando coisas sem sentido, mas experimentando
Os sentidos que a vida imprime em cada hora vivida ou presumida.
Períodos inteiros sem sentir-se e sem ter chão.
Sim, chão que me sustenha e mostre onde pisar e andar,
Seguindo e seguindo, simplesmente seguindo.
Essa é a hora da viagem marcada para ser duradoura. 

Salatiel Pereira
Garantias que não quero

Não te peço afeição nem se quer atenção;
                                                                                  Quero mesmo é a tua mais sincera aversão,
Tua distância, arrogância e antipatia.
                                                                                  Espero viver e morrer na eterna expectativa,
Calculando possibilidades mínimas ou nulas.
                                                                                  Não desejo garantias;
Essas que os apaixonados anseiam
                                                                                  E lutam tanto para ter.
Insinuações de amor são coisas que não quero,
                                                                                  Pois são verdadeiras maçãs no éden,
Que tira mais do que oferece.
                                                                                  Teus olhos... que eles permaneçam isentos
E totalmente indiferentes,
                                                                              Até maliciosos para me negar qualquer hipótese.
E na melhor delas que eu veja amizade:
                                                                                  Pura, limpa e sólida.
Para que assim continue a ti enxergar,
                                                                                  Ainda que não seja amor,
Apenas algo parecido.

                                                            Salatiel Pereira
Dia único

Imediatamente sorri quando vivi aquele instante
Único, verdadeiro e diferente
Que guardarei para sempre em minha memória.
Fiz festa, comemorei e acumulei bem estar;
Amei, toquei fogos e beijei.
Sim, porque na singularidade daquele dia 
Fui eu de fato, fui feliz e livre de tudo.
Não mais contarei os dias
Como quem faz contagem regressiva,
E espera o fim dos dias que se vão soltos.

Salatiel Pereira

sábado, 1 de março de 2014

Parênteses inevitáveis

Aqui estou eu a me confessar; mais uma vez confuso a deixar-me derramar no papel. Papel tão acolhedor quanto indiferente a pesares, dores e outros males da consciência. Mas deixe estar que irei à forra!Mas por ora aquieto-me! Limito-me então a folhear-me, encontrando-me com sensações antigas e recorrentes; e no fundo até necessárias.

Salatiel Pereira

Minha Porto seguro!!

Senhora de senhores Quem dera fosse apenas um Porto ou um cais. Mas é Ela. Senhora de si, senhora de senhores, uma tirana, uma dominan...