terça-feira, 9 de setembro de 2014

DePoiS de VocÊ!

Vida pós você

Eu passei por você não como passei pela vida, deixando marcas e sendo marcado. Com você só eu fui marcado. E aos poucos vejo aumentar esse hiato entre nós, tais quais vogais fadadas a distância. Verdadeiros abismos que me matam diversas vezes e me atraem diversas vezes. Mas por ora não cederei ao desejo de auto aniquilar-me de amor e por amor. Não, não agora!
Deixe estar. Que o destino, alento urgente dos perdedores, reordene os acontecimentos e me mostre o que é a vida pós você; ou o que seja de fato viver. Ainda me dou o direito de relembrar, visto que a lembrança seja uma das coisas justas que me ficou.
Insisti o quanto pude, resisti ao máximo, neguei o prazer. Sim, fui censor de mim por ti, somente por ti. E por isso me pus a fazer mais poesias, tropeçar em palavras, construir mundos.
Mas as poesias jamais remediaram a situação, embora as fizesse para isso. Tudo porque desde o início você me foi força que me movia e que agora tudo paralisa, interdita meus reais esforços e vontades. Lentamente, as poesias foram surtindo efeito inverso, deixando-me mais ansioso e triste; e as poesias foram sendo derramadas tristes. É um “assim” sem fim; não consigo parar de escrever.
Não sei como se encerrará, conquanto deduza o que me aguarda. Mas por enquanto sigo cada vez mais sem ti e sem mim.

Salatiel Pereira

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