Vida
pós você
Eu
passei por você não como passei pela vida, deixando marcas e sendo marcado. Com
você só eu fui marcado. E aos poucos vejo aumentar esse hiato entre nós, tais quais
vogais fadadas a distância. Verdadeiros abismos que me matam diversas vezes e
me atraem diversas vezes. Mas por ora não cederei ao desejo de auto aniquilar-me de amor e por
amor. Não, não agora!
Deixe
estar. Que o destino, alento urgente dos perdedores, reordene os acontecimentos
e me mostre o que é a vida pós você; ou o que seja de fato viver. Ainda me dou
o direito de relembrar, visto que a lembrança seja uma das coisas justas que me
ficou.
Insisti
o quanto pude, resisti ao máximo, neguei o prazer. Sim, fui censor de mim por
ti, somente por ti. E por isso me pus a fazer mais poesias, tropeçar em
palavras, construir mundos.
Mas
as poesias jamais remediaram a situação, embora as fizesse para isso. Tudo
porque desde o início você me foi força que me movia e que agora tudo paralisa,
interdita meus reais esforços e vontades. Lentamente, as poesias foram surtindo
efeito inverso, deixando-me mais ansioso e triste; e as poesias foram sendo derramadas
tristes. É um “assim” sem fim; não consigo parar de escrever.
Não
sei como se encerrará, conquanto deduza o que me aguarda. Mas por enquanto sigo
cada vez mais sem ti e sem mim.
Salatiel Pereira
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