domingo, 28 de setembro de 2014

Existencial

Condenação


Estou condenado e certo disso. Sim, condenado a ser livre. Livre para te amar e esquecer tal intento. Preciso enfrentar o pesar dessa liberdade e suas implicações. Estou no mundo, nas mãos da contingência, a mercê de tudo: alegrias, choros, dores e alívios. E te querer já foi alívio (há muito) e hoje é dor por ser prisão no aguardo de execução. É uma indomável alternância de alegrias e choros, porque o sofrer e o posterior morrer de saudade, com tua falta, encobre o que há de bom em amar; não há quem abrevie esse suplício, ou cesse o jorrar dessa fonte do mais hábil e puro desprazer.
Em tal situação não me resta outro remédio que não seja esquecer. Ou deixar-me esquecido num quarto vazio (derradeiro aconchego suicida), de preferência escuro. Tudo para que essa escuridão se harmonize com as trevas em mim, a mais inconteste solidão.

Salatiel Pereira

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Minha Porto seguro!!

Senhora de senhores Quem dera fosse apenas um Porto ou um cais. Mas é Ela. Senhora de si, senhora de senhores, uma tirana, uma dominan...